Número 1: Brasil é o país mais caro para a produção industrial

Há muito tempo que se discute sobre o Brasil ser um país caro para a produção industrial e o desenvolvimento de tecnologia. Diversas discussões são realizadas sempre levando em consideração questões como o grande incentivo ao agronegócio e o fato do país ser importador de tecnologia, o que além de desequilibrar a balança comercial faz com que os produtos produzidos aqui sejam mais caros, uma vez que utilizam tecnologias importadas para serem produzidos.

No entanto, a questão da produção industrial no Brasil não se limita apenas a esses dois fatores. O país possui uma indústria jovem e que começou a se desenvolver de maneira sólida a partir dos 1950, quando muitas das potências mundiais já tinham suas indústrias consolidadas, ou seja, além de precisar se desenvolver tecnologicamente o setor no Brasil ainda precisava ocupar seu espaço no mercado.

Entendendo o custo Brasil

Mesmo com a desvalorização do real em relação ao dólar e o baixo custo da mão-de-obra em relação aos países desenvolvidos, o país continua tendo o maior custo de todos. Éo que afirma o estudo Where to manufacture? Global analysis of the cost of doing business, da consultoria KPMG. Entre 17 mercados espalhados pelo mundo, o Brasil é o país mais caro para as empresas manufatureiras concretizarem negócios. 

Brasil
Apesar dos baixos custos de mão-de-obra o país ainda consegue ocupar o 1º lugar no ranking.

A metodologia de pesquisa levou em consideração diferentes fatores de custos, como os primários – que afetam diretamente os resultados de uma empresa – e os secundários, que impactam no funcionamento das empresas.

De todas as regiões analisadas, o Canadá tem o menor custo total. Os mercados da Ásia-Pacífico também têm bom desempenho, liderados por Taiwan, Coreia do Sul e Malásia, ocupando, respectivamente, o segundo, o terceiro e o quarto lugares. Os Estados Unidos e o Reino Unido estão empatados na quinta colocação. 

A pesquisa evidencia que o custo para fazer negócios precisa ser analisado minuciosamente pelas empresas do setor industrial. Além disso, mercados tradicionais de baixo custo, como México, Índia, China e Brasil, apresentaram custos de fazer negócios acima da média, quando consideramos os fatores secundários e seus impactos“, afirma Luiz Sávio, sócio-líder de Manufatura Industrial da KPMG no Brasil.

O estudo também aponta que os fabricantes reconhecem que os custos com mão de obra são apenas uma parte do custo integral dos negócios. Eles também reconhecem que os custos secundários são melhores indicadores do custo total. 

De acordo com a pesquisa, países com melhor classificação no índice de custo secundário apresentam melhor desempenho nas classificações gerais. Das cinco economias mais competitivas na classificação geral, apenas Malásia e Taiwan têm uma pontuação de custo primário melhor do que a de custo secundário.

“Como os principais fatores de custo são mensurados em dólares americanos, os resultados do estudo são afetados pela força relativa das várias moedas em relação ao dólar. Uma vez que as taxas de câmbio flutuam, elas possivelmente afetam a classificação dos componentes individuais, mesmo que os custos da moeda local não mudem. Em uma perspectiva otimista para o Brasil, o estudo representa uma substancial referência comparativa para estratégias empresariais e políticas públicas que busquem planos concretos para reverter esse cenário”, complementa Luiz Sávio, da KPMG.

Ainda segundo o estudo, muitos fabricantes estão reavaliando seus custos, considerando fatores como a estabilidade da cadeia de suprimentos ou a variabilidade das taxas de câmbio. Outros fatores como a transformação digital, ou mesmo fatores geopolíticos, também aumentam a complexidade da análise.

O Brasil é o penúltimo colocado no ranking de custos primários (3,60) e último colocado no de custos secundários (4,81). Para conhecer o rank completo acesse o site.

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Marcus Figueiredo

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