Em 2021, o consumo de aço no Brasil deve registrar crescimento de 24,3%, totalizando 26,7 milhões de toneladas.
O aumento está relacionado à retomada do mercado interno após a crise causada pela pandemia. Os dados foram divulgados pelo Instituto Aço Brasil, em coletiva de imprensa na qual a entidade divulgou também suas projeções para 2022.
De acordo com a entidade, a produção de aço bruto vai fechar o ano com crescimento de 14,7% – 36 milhões de toneladas. Já as vendas internas devem aumentar 17% (22,8 milhões de toneladas) em relação a 2020.
Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil, destacou a evolução das vendas internas de laminados, que em maio alcançou 2.089 milhões de toneladas e, mesmo com a quinta queda consecutiva (1.625 milhões de toneladas em outubro) mantém elevados níveis.
“O setor recuperou, em 2021, a década perdida que vinha desde 2013. No entanto, apesar de as empresas siderúrgicas estarem produzindo para atender 100% a demanda dos seus segmentos consumidores no mercado doméstico, o grau de utilização da capacidade instalada do setor ainda é muito baixa, em torno de 70%”, detalhou Lopes.
Segundo o Aço Brasil, aumentar a produção de aço para atender a retomada das exportações seria uma saída para minimizar a ociosidade, otimizando a utilização da capacidade instalada para mais de 80%.
“Entretanto, para viabilizar as exportações, em um cenário internacional de guerra de mercado, é necessário recompor a competitividade dos setores exportadores, como a indústria do aço, por meio do retorno do mecanismo do Reintegra que ressarce parte dos resíduos tributários embutidos nas exportações”, disse o presidente executivo.
Para o Instituto, o Reintegra não é incentivo ou benefício, mas sim um mecanismo que evita a taxação das exportações dos produtos brasileiros.
Já as importações de laminados cresceram 113,2% em relação ao ano passado. “Não houve necessidade de diminuir impostos do setor já que os pedidos entraram, basicamente por Santa Catarina, que concede isenção de ICMS”, afirmou Marco Polo Lopes.
Assim, o consumo aparente deve registrar crescimento de 24,3% frente a 2020. De acordo com Lopes, este é um “indicador antecedente muito importante”.
Diante desses resultados, o Aço Brasil ressalta que o mercado interno encontra-se abastecido e que os preços das commodities – que pressionaram os preços dos produtos siderúrgicos ao longo de 2020 e em parte de 2021 – vem se estabilizando e até mesmo decrescendo para alguns insumos.
Projeções para 2022
Com relação a 2022, o Instituto acredita que a produção brasileira de aço bruto terá crescimento de 2,2%, chegando a 36,8 milhões de toneladas. As vendas internas devem aumentar 2,5% na comparação com este ano, alcançando 23,3 milhões de toneladas, enquanto o consumo aparente deve crescer 1,5%, atingindo 27 milhões de toneladas.
Marcos Faraco, presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil e vice-presidente da Gerdau, destacou que nos últimos anos o mercado assistiu a um crescente estabelecimento de medidas protecionistas de vários países, mas que, neste momento, aparecem sinais de flexibilização das restrições às importações de aço.
Um bom exemplo são as negociações que estão acontecendo entre Estados Unidos e União Europeia. Neste contexto, a indústria do aço brasileira tem a expectativa de reestabelecer as negociações com o governo americano para revisão do sistema de quotas imposto aos produtos siderúrgicos brasileiros no âmbito da Seção 232, vigente desde 2018.
“Biden prevê muitos investimentos na área de infraestrutura e a indústria estadunidense não tem matéria-prima para sustentar esse plano. Existe um gap entre a produção de aço americano e os produtos acabados. Eles não têm capacidade de abastecimento”, afirmou Faraco.
Visando estreitar os laços comerciais com os Estados Unidos, a entidade organizou uma missão, com CEOs de empresas do setor, que deve acontecer em janeiro de 2022.
Prioridades
De acordo com Faraco, as prioridades do Aço Brasil para 2022 formam um tripé: melhoria da competitividade (reforma tributária, redução do Custo Brasil, Reintegra), mercado internacional (seção 232 e redução de excesso de capacidade) e mudanças climáticas (linhas de financiamento, desenvolvimento de tecnologias disruptivas, oferta de gás natural com tarifas competitivas, mercado regulado de carbono e ampliação da oferta de sucata). Para entender mais sobre o futuro e o cenário para 2022 leia a matéria completa no site.
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