Alugam-se robôs: empresa gaúcha quer automatizar indústria a preço baixo

Brasil é considerado lanterna no ranking internacional de países com indústria automatizada. Modelo apresentado pela A2B Industrial quer garantir financiamento a longo prazo.

No topo da lista de 20 países com o maior número de robôs na indústria estão Coreia do Sul, Singapura e Japão. Logo depois temos a Alemanha, Suécia e Hong Kong. Em sétimo lugar, estão os Estados Unidos.

O Brasil, que viu o setor industrial perder participação no Produto Interno Bruto (PIB) principalmente para os serviços nas últimas décadas, fica de fora do ranking das 20 maiores nações feito pela Federação Internacional de Robótica.

O Brasil é considerado lanterna. A cada 10 mil empregados, tem apenas 9 robôs. A média dos 20 maiores é 126. Na primeiríssima Coreia do Sul, são 932.

É essa realidade negativa que a empresa A2B Industrial quer ajudar a mudar com um modelo novo de financiamento de robôs para pequenos e médios empresários industriais, em parceria com a japonesa Mitsubishi.

O modelo é como espécie de aluguel, em que as duas empresas toparam absorver o risco do financiamento de longo prazo, de cerca de 10 anos. Assim, com mensalidades “baratas” é possível ter os próprios robôs — que costumam custar milhões.

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Fonte:(https://www.revistaferramental.com.br)

Antes de apostar nessa nova vertical do negócio, a A2B focava na venda de componentes elétricos para a indústria pequena e média. A empresa foi fundada em 2018 e vem apresentando um faturamento forte.

No primeiro ano, foram 2,5 milhões de reais. Em 2019, o valor dobrou para 5 milhões. Em 2020, foram 8 milhões e as projeções para o resultado de 2021 mostram uma receita que ultrapassou 10 milhões.

Fundada no estado do Rio Grande do Sul, a A2B foi criada pela também distribuidora de materiais elétricos Altec, que é focada na grande indústria.

“Tivemos a ideia de investir em robôs porque a Mitsubishi, que é fabricante de robôs, já era nossa parceira quando éramos apenas distribuidores de componentes elétricos. O Brasil tem problema de financiamento para robôs. Os bancos acham que é de risco. O BNDES tem uma linha chamada FINAME, mas só contempla produtos nacionalizados e produzidos no Brasil”, explica Moisés Maciel, CEO da empresa.

O setor em que o país tem um pouco mais de automação e robôs é o automotivo. A média é de 164 robôs por 10.000 funcionários.

O novo negócio da A2B começou em outubro e eles já fecharam contrato com algumas dezenas de clientes. Além disso, a meta de “alugar” 20 milhões de reais em um ano já foi batida neste mês de janeiro.

Entre os clientes, metade são da indústria de bebidas e outros clientes de destaque são do mercado da borracha.

Os três modelos de robôs oferecidos pela empresa são considerados de pequeno porte e custam entre 750 mil reais a 1 milhão. Eles fazem movimentos de 3k a 80kg.

“Se o empresário tem esse valor em caixa, ele não vai comprar porque ele sabe contabilizar a vantagem do robô e não vai conseguir financiar, mas se você se você tem hoje no fluxo de caixa sobrando cerca de 7,5 mil reais um contrato de 10 anos não precisa se descapitalizar. O empresário começa a ver que o robô se paga. Ele vai pedir mais, e aí a gente vai construindo os cases do sucesso. Tu pensa que o robô vai roubar um emprego, e ele não rouba. Os países com maiores IDHs são os com a indústria mais robotizada”, defende Moisés.

Para aumentar a capacidade de assumir o financiamento de mais robôs para empresários, o executivo tem rodado a avenida Faria Lima atrás de parceiros para investimentos.

“Eu não penso num valor fechado. Digo para os investidores que quanto mais investirem, maior vai ser a capacidade.” Até 2030, a A2B pretende alcançar um valuation de 2,5 bilhões até 2030.

Dados da Federação de Robótica mostram que o Brasil tinha 15,3 mil robôs em 2020. Naquele ano, esse número representou um crescimento de 8% em cima de 2019, o que a Federação destacou em relatório como um movimento positivo.

Ainda assim, especialistas destacam como a indústria, principalmente a pequena e a média, ganharia em produtividade se pudesse investir mais em automação.

Entre os desafios para a empresa, Moisés destaca a busca por mão de obra, já que a empresa entrega o robô já programado para exercer as movimentações que o cliente pediu.

Apesar disso, tem perspectivas positivas para o novo negócio da A2B. Com a nova frente de financiamento de robôs, a venda de componentes elétricos — que é o negócio inicial da empresa — também deve crescer, já que os equipamentos precisam deles.

“Toda a indústria transforma, processa, carrega. Então não tem como ela não se interessar pelos robôs.” Para saber mais leia a matéria no site.

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Marcus Figueiredo

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