Brasil pode se tornar peça-chave no fornecimento global de insumos para biocombustíveis

Um estudo recente da consultoria Bain&Company sobre o setor de energias renováveis mostra que os biocombustíveis devem desempenhar um papel relevante na transição energética global, e que o Brasil pode se tornar peça-chave no fornecimento global de insumos para a modalidade até 2050, juntamente com os Estados Unidos e o Sudeste Asiático, respondendo com eles pela produção de quase 50% dos insumos.

De acordo com o estudo, a produção de combustíveis a partir de cana- de-açúcar, soja, gordura animal, novas culturas energéticas e outros resíduos têm um grande potencial para se tornar, ao lado das baterias e do hidrogênio ecológico, uma das melhores alternativas para a adoção de fontes renováveis de energia para o setor de transportes e a indústria.

Atualmente, matérias-primas de primeira geração, como soja e cana-de-açúcar, representam aproximadamente 80% do suprimento para produção de biocombustíveis e devem continuar desempenhando papel importante no setor.

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Fonte:(https://ipesi.com.br)

O levantamento indica que esse mercado deve crescer cinco vezes até 2050, impulsionado pelo consumo de diesel renovável e combustível sustentável de aviação (SAF), com aumento progressivo da demanda, principalmente nos Estados Unidos e na União Europeia, que já possuem regulações que incentivam e viabilizam a produção de combustíveis renováveis.

Mas há muitos outros países que começam a caminhar nesta direção. O Brasil é um desses exemplos. Segundo a Bain, há uma aceleração dos investimentos em biocombustíveis no país, provocando uma corrida por parcerias e joint ventures, fenômeno observado de forma mais acelerada em mercados mais desenvolvidos, como os Estados Unidos.

De acordo com a consultoria, mais de 120 projetos no setor já foram anunciados e estão em andamento ou em ainda em fase de planejamento.Com isto, a Bain estima que até 2030 a capacidade de produção mundial instalada pode alcançar um volume pelo menos seis vezes superior ao atual, com a demanda global de biocombustíveis devendo crescer entre 3% e 6% por ano até 2050, com potencial para alcançar até cinco vezes o volume atual.

O Brasil possui vantagens significativas para se consolidar como um líder global no setor. A abundância de terras agricultáveis, a alta produtividade do agronegócio e a extensa e relativamente bem montada infraestrutura de distribuição constituem fatores-chave que impulsionam o potencial brasileiro.

Além disso, o país possui um volume significativo de terras degradadas que poderiam ser retrabalhadas para o cultivo de culturas com alto potencial energético, como macaúba, palma e mamona, entre outras.

PEGADA DE CARBONO

Mas nem tudo são flores na estrada dos biocombustíveis. O principal fator de sucesso para produção de biocombustíveis será o acesso à matéria-prima abundante, de baixo custo e de baixa pegada de carbono. Mas dado o crescimento esperado da demanda pela modalidade, existe um risco relativamente alto de limitações no fornecimento de matéria-prima em médio prazo, o que pode pressionar os preços.

De qualquer forma, pode-se esperar que os Estados Unidos, União Europeia e outras nações desenvolvidas aumentem suas importações de matéria-prima de biocombustíveis, enquanto Brasil, países do Sudeste Asiático e vários da África ampliam as suas exportações de insumos. Segundo o estudo, os EUA e a Europa devem permanecer com escassez líquida até 2050.

E existem outros pontos que podem gerar obstáculos na escalada da transição energética por meio desse modelo. Um deles é a competição entre a produção de biocombustíveis para uso geral e a produção de alimentos, que terá igualmente uma demanda crescente e na qual o Brasil também deverá exercer um papel de relevância global.

A expectativa, porém, é que políticas governamentais e mudanças de regulação favoreçam a utilização de matérias primas de segunda geração, para além da cana e da soja, incluindo resíduos, culturas de rotação e cultivos energéticos plantados em áreas degradadas, que não competem diretamente com a produção de alimentos e possuem mais baixa pegada de carbono – embora o desenvolvimento dessas matérias-primas exija investimentos e, em alguns casos, o custo de produção seja superior.

Políticas governamentais voltadas à promoção do uso de biocombustíveis, como incentivos fiscais, créditos, taxação ao carbono, reservas de mercado, entre outras, serão críticas, segundo o estudo da Bain, para viabilizar os investimentos no setor, dado que o custo de produção de combustíveis renováveis é mais caro do que de combustíveis de origem fóssil.

De outro lado, regulamentações ambientais e processos de certificação mais rigorosos também serão críticos para assegurar a presença do Brasil como exportador nesse mercado, algo bastante possível devido ao país reunir condições favoráveis para se tornar peça-chave no fornecimento desses combustíveis renováveis, aproveitando seu vasto território, expertise e infraestrutura consolidada. Será ainda necessário montar um arcabouço legal adequado para promover o crescimento sustentável desse setor. Para saber mais sobre a pesquisa acesse o site.

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Marcus Figueiredo

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