CNI vê acerto na redução da Selic; Sebrae diz que é insuficiente

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera acertada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, de reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual. Com a redução, a nova taxa Selic passa a ser de 13,25%. De acordo com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, mantido o cenário de controle da inflação nos próximos meses, é necessário que os cortes na Selic sejam mais intensos. Antes da reunião do Copom, a taxa de juros estava 4,8 pontos percentuais acima da taxa neutra, aquela não estimula nem desestimula a atividade econômica.

Já para o Sebrae, a medida vai ao encontro de uma demanda geral do governo e dos empresários, mas ainda é um patamar considerado insuficiente. O presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, considera o patamar ainda elevado da taxa de juros como uma falta de sensibilidade para com os donos de pequenos negócios no Brasil.

O impacto da Selic para o país

“A decisão foi acertada, uma vez que não compromete o processo de combate à inflação e evita um desaquecimento maior da indústria e da economia. As expectativas de inflação têm passado por sucessivas revisões para baixo e a apreciação da taxa de câmbio, nos últimos meses, também representa mais um elemento positivo para esse cenário de controle da inflação”, avalia Robson Andrade.

A Selic em alta tem comprometido significativamente a atividade econômica em 2023. Na comparação de junho de 2023 com junho de 2022, a produção da indústria de transformação caiu 1,5%. Já o setor de serviços registrou queda de 2% em maio em comparação com dezembro de 2022, na série livre de efeitos sazonais.

Os impactos da Selic alta também são sentidos no mercado de crédito. No primeiro semestre de 2023, na comparação com o último semestre de 2022, as concessões de crédito às empresas caíram 5,2% (queda de 8,0%, em termos reais). Além disso, tem ocorrido aumento nos níveis de inadimplência e, consequentemente, maior provisionamento pelos bancos – também por conta de eventos adversos relacionados a grandes empresas varejistas no Brasil -, o que compromete ainda mais a oferta de crédito.

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A elevada taxa de juros dificulta a realização de investimentos para os micro e pequenos empresários.

A indústria entende que a continuidade do ciclo de redução da Selic exige boa coordenação entre política monetária e política fiscal. A expectativa da CNI é que o Congresso aprove, em breve, um novo arcabouço fiscal que consiga estabilizar a dívida pública sem recorrer ao aumento da carga tributária, de modo a contribuir com o processo de cortes na taxa básica de juros.

Desde fevereiro de 2022, a política monetária encontra-se em terreno contracionista, com a taxa Selic em nível suficiente para desaquecer a atividade econômica e, assim, controlar a inflação. Nos últimos meses, isso ficou ainda mais evidente: o IPCA desacelerou fortemente, chegando a 3,2% no acumulado em 12 meses até junho. Além disso, o IPCA-15, que visa antecipar o resultado da variação dos preços no mês, apresentou queda de 0,07% em julho, reforçando a tendência favorável da inflação.

Ainda, as expectativas de inflação têm passado por sucessivas revisões para baixo, conforme indica o Relatório Focus, do Banco Central. Para 2023, a inflação esperada caiu para 4,8%; enquanto para 2024 e 2025, caiu para 3,9% e 3,5%, respectivamente.

Com essa queda das expectativas de inflação para os próximos 12 meses, mesmo com a Selic estável em 13,75% ao ano, a política monetária estava se tornando cada vez mais contracionista. A taxa de juros real que em janeiro estava em 7,6% ao ano, se encontrava em 9,3% ao ano, antes da reunião, o que representam 4,8 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra, aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica.

A apreciação da taxa de câmbio nos últimos meses também representa mais um elemento positivo para esse cenário de controle da inflação, especialmente sobre os preços dos grupos Produtos Industriais e Alimentos.

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“A economia brasileira tem respondido positivamente. O país teve o quarto maior crescimento do PIB no primeiro trimestre entre todas as economias globais. Somamos um volume de US$ 166,5 bilhões em exportações, com superávit de US$ 45,5 bilhões, o maior da nossa história. Além disso temos mantido, de modo consistente, a retomada dos empregos formais”, comenta o presidente do Sebrae, Décio Lima.

Nesse contexto, segundo o presidente do Sebrae, é injustificável que os donos de pequenos negócios tenham de tomar empréstimos com uma taxa de juros tão elevada. “O empreendedor precisa ter acesso a crédito a um custo viável para poder investir e ajudar o país a retomar o crescimento. Mas, com as condições atuais, é pegar um empréstimo para falir ou quebrar amanhã”, avalia.

Dados de um levantamento do Sebrae, feito em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que 63% dos pequenos negócios tinham dívidas ou empréstimos no último mês de abril, sendo que pouco mais da metade dos empreendedores (52%) tinham 30% ou mais do seu custo representado pelo pagamento dessas dívidas.

“Os pequenos negócios têm respondido por 7 em cada 10 novas vagas de empregos formais e contribuem diretamente para a vida de 85 milhões de pessoas, um contingente maior do que a população de países como França, Reino Unido, África do Sul e Argentina”, comenta o presidente do Sebrae. “Com essa importância para a economia, as MPE precisavam ter assegurado o acesso a taxas de juros mais favoráveis e que não representassem um risco futuro à saúde financeira das empresas”, avalia. Para saber mais sobre as mudanças na Selic acesse o site.

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Marcus Figueiredo

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