Para quem acompanha os negócios do mercado brasileiro de veículos chega a ser surpreendente o número de anúncios de investimentos realizados pelas montadoras desde o início de 2024. E não só pelo número de anúncios – praticamente todas as montadoras instaladas no País divulgaram planos de investimentos recentemente -, mas também pelo volume de recursos anunciados.
A Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores estima que o montante do ciclo atual já soma R$ 117 bilhões. Destes, R$ 66 bilhões – ou seja, mais da metade – foram anunciados neste início de ano. Para a entidade, o setor está vivendo um ciclo recorde de investimentos.
Até então, o período do programa Inovar-Auto, de 2012 a 2018, era considerado o de maior volume de aportes, totalizando R$ 85 bilhões. “O ciclo atual já contempla mais de R$ 117 bilhões de investimentos ativos desde 2021, sem contar os do setor de autopeças”, informa a entidade.
“Após as medidas anunciadas pelo poder público, que proporcionam previsibilidade às empresas, o volume de investimentos anunciados vem batendo seguidos recordes, com grande possibilidade de novos anúncios nos próximos meses”, afirmou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.
Previsibilidade
Perguntando, em coletiva de imprensa, sobre os motivos da concentração dos anúncios, principalmente neste início de ano, Leite apontou três fatores básicos. Segundo ele, o que aconteceu é que, enquanto o governo federal trabalhava num cenário de oferecer alíquota zero de Imposto de Importação para veículos com novas tecnologias (elétricos, híbridos…), não havia motivos para se investir.
Assim, a partir do momento, em que o governo e o MDIC – Ministério da Indústria, Comércio e Serviços passaram a trabalhar com “a elevação gradual do imposto de importação para as novas tecnologias o cenário mudou, levando as empresas a realmente tomar a decisão de realizar estes investimentos”.
A segunda medida do governo que reforçou a retomada dos investimentos foi o lançamento do Programa Mover – Mobilidade Verde. “O programa Mover tem na sua essência a produção local. Tem o tratamento tributário, regulatório, muito focado nos produtos que o Brasil tem vantagens competitivas, caso do etanol, biocombustíveis”, explicou Leite.
Em sua opinião, em especial, o Programa Mover traz previsibilidade. “Que é justamente o que o setor sempre pediu ao governo: previsibilidade. E isto veio com a reforma tributária, com a recomposição gradual da alíquota de imposto de Importação e com o lançamento do Programa Mover”.
Igor Calvet, diretor-executivo da Anfavea, lembra que “previsibilidade” é uma palavra superimportante para o setor, que tem norteado as ações da indústria automobilística. E acrescenta ainda outros fatores que estão impulsionando os investimentos: a aprovação do Marco Legal das Garantias e a gradual queda nas taxas de juros. “É esse quadro de otimismo que esperamos que se espraie pelo setor e que redundará em novos investimentos até o final do ano”.
Lançado no final do ano passado, o Programa Mover foi criado para substituir o Rota 2030. Até o seu final, em 2028, o programa deverá alcançar mais de R$ 19 bilhões em créditos concedidos às empresas que investirem em descarbonização e se enquadrarem nos requisitos obrigatórios do programa.
O Mover amplia as exigências de sustentabilidade da frota automotiva e estimula a produção de novas tecnologias nas áreas de mobilidade e logística, expandindo o antigo Rota 2030. Pretende assim promover a expansão de investimentos em eficiência energética, incluir limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos e cobrar menos imposto de quem polui menos, criando o IPI Verde. Para saber mais sobre o programa acesse o site.
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