Os EUA acirram a guerra comercial com a China. No último dia 14 de maio, Washington anunciou que novas tarifas de importação incidirão sobre produtos chineses, como veículos elétricos (VE), baterias de lítio, células fotovoltaicas, minerais críticos, semicondutores, aço e alumínio.
A taxa adicional fará com que as tarifas sobre as importações chinesas de VE aumentem para 100% este ano. A tarifa aumentará para 50% sobre as importações de células solares também em 2024. Já as tarifas sobre determinados produtos chineses de aço e alumínio subirão para 25% este ano, e as tarifas sobre semicondutores subirão para 50% até 2025.
As autoridades chinesas, claro, reagiram, elevando o tom. As ações unilaterais e protecionistas dirigidas à China pelos Estados Unidos expõem a perda de confiança e compostura por parte dos Estados Unidos e estão fadadas ao fracasso, declarou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, à Agência Xinhua. Ele ainda observou que, recentemente, os Estados Unidos impuseram frequentemente sanções unilaterais à China, abusaram das tarifas da Seção 301 e suprimiram obsessivamente as atividades econômicas, comerciais e tecnológicas normais da China, representando a forma mais típica de intimidação hegemônica no mundo de hoje. A seção 301 refere-se à legislação comercial norte-americana, que prevê a adoção pelo governo dos Estados Unidos da América de medidas comerciais coercitivas, comumente retaliações comerciais.
Ainda, segundo o ministro da China, a repressão inescrupulosa da China pelos Estados Unidos não prova a força dos EUA, mas, pelo contrário, expõe a perda da confiança e da compostura desse país. Tal comportamento não ajuda a resolver os problemas internos nos Estados Unidos, mas apenas resulta numa maior perturbação do funcionamento normal das cadeias industriais e de abastecimento internacionais. Ele acrescentou ainda que a medida dos EUA não impedirá o desenvolvimento e o rejuvenescimento da China.
Wang Yi ainda frisou que a Organização Mundial do Comércio (OMC) deixou claro que as tarifas da Seção 301 impostas pelos Estados Unidos violam as regras da OMC e o direito internacional, dizendo que também as pessoas com bom senso básico no comércio internacional acreditam que a abordagem dos EUA só levará a uma situação em que todos perdem.
REFLEXOS
Em que pese o fato de as sanções impostas aos produtos de fabricação chinesa tornar mais aguda a guerra comercial entre os EUA e China, o impacto imediato para a economia chinesa pode ser relativamente pequeno, ao menos no se refere aos VE. A exportação de veículos elétricos da China para os EUA tem pouca relevância. Calcula-se que a União Europeia foi responsável por 36% das exportações chinesas de VE em 2023. Por outro lado, os Estados Unidos recebem somente 1,1% das exportações de VE da China. Isso equivaleria a menos de US$ 365 milhões.
Ao mesmo tempo em que a guerra comercial entre os EUA e a China cresce, Pequim está lançando um programa para ampliar o mercado interno de VE nas áreas rurais. O catálogo de promoção rural veículos elétricos engloba 99 modelos dos principais fabricantes de automóveis, abrangendo uma ampla gama de veículos para diversos setores, incluindo sedãs, SUVs e veículos multiuso. Esta linha diversificada inclui modelos de pesos pesados estatais, como o China First Automobile Group, até novas potências automobilísticas, como a Xpeng. O catálogo também inclui diversos produtos da BYD.
O programa destinado a ampliar o mercado de veículos elétricos para áreas rurais prevê ainda a organização de serviços de apoio, tais como os relacionados com carregamento, troca de baterias, seguros, sinistros, crédito e manutenção pós-venda, devendo estes serviços ser expandidos para áreas rurais para resolver as atuais deficiências de infraestrutura.
Analistas preveem que a China poderá incentivar ainda mais a exportação de veículos elétricos para outros mercados, como o da União Europeia, que já encontra dificuldades para competir com os fabricantes chineses.
“Os EUA enviaram uma mensagem muito clara de que querem uma participação mínima da China na sua transição verde”, declarou Yanmei Xie, analista de geopolítica da Gavekal Research, ao Financial Times. “Sendo a União Europeia o grande mercado desenvolvido com ambições verdes e subsídios generosos, será um mercado obrigatório para os exportadores chineses de produtos de energia limpa.”
A escala de produção de produção de veículos elétricos da China impressiona. Em 2023, a produção e as vendas de veículos na China atingiram níveis recordes, ultrapassando os 30 milhões de unidades cada, de acordo com dados da CAAM, a China Association of Automobile Manufacturers. A produção e vendas de veículos elétricos ultrapassaram, respectivamente, 9,58 milhões e 9,49 milhões de unidades, ficando em primeiro lugar globalmente pelo nono ano consecutivo.
No mês de abril, conforme a CAAM, a produção de veículos elétricos atingiu 870 mil unidades e as vendas atingiram 850 mil unidades, aumentando respectivamente 35,9% e 33,5% ano a ano. Para saber mais acesse o site.
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