Um estudo inédito apresentado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) revela que a transição para uma economia de baixo carbono deve provocar impactos positivos no mercado de trabalho.
Batizado de “Mercado de hidrogênio verde e power to X: demanda por capacitações profissionais”, o estudo foi realizado pelo Senai em parceria com o Projeto H2Brasil, que integra o Acordo de Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, e mapeou especialmente as profissões que serão requisitadas pela cadeia de hidrogênio verde – o chamado H2V – no Brasil.
O estudo da demanda de profissionais com atuação na cadeia do hidrogênio verde é resultado de entrevistas e questionários aplicados com mais de 200 pessoas do setor. A cadeia de hidrogênio verde considerada no levantamento inclui matérias-primas, subprodutos, processos e tecnologias relacionados à produção, à distribuição, ao armazenamento e ao uso do H2V em setores energéticos, industriais e de transporte.
Os autores concluíram que os profissionais aptos a atuar na cadeia de hidrogênio verde no Brasil são não apenas os engenheiros das mais diversas especialidades – mecânica, química, ambiental e de produção -, como também economistas com experiência em planejamento e gestão e especialistas em regulação e legislação.
Devem ser bastante requisitados também os profissionais de nível técnico de perfis já consolidados nas áreas de eletrotécnica, mecânica e química, dentre outras, que recebam formação específica em H2V.
Os profissionais que vão atuar nesse mercado devem dominar: a estrutura geral de funcionamento do setor energético; ter conhecimento de mercado e do arcabouço regulatório; conhecer ferramentas computacionais e ter capacidade analítica de dados, além de estar permanentemente atento aos impactos da inteligência artificial no setor elétrico.
ORIENTAÇÃO
“O estudo foi baseado em experiências internacionais, e a ideia foi a de identificar as demandas de profissionais para o desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde país”, diz Markus Francke, diretor do Projeto H2Brasil. “A pesquisa pode inclusive orientar o trabalho de formação desses profissionais.”
Já existem também estudos nesta direção. O Senai elaborou no ano passado o itinerário formativo – ou, o percurso de formação dentro de uma área – com cinco cursos voltados para o H2V, que vão da instalação à operação e manutenção dos sistemas para produção do hidrogênio.
Não se trata apenas de um trabalho teórico. No segundo semestre deste ano, será lançada pelo Senai a primeira pós-graduação em Hidrogênio Verde e PtX– abreviação do termo Power toX, que define o uso do hidrogênio como integrador entre a geração de energia elétrica e outros usos e aplicações, como o energético e o químico, em diversas instituições que mantém no país.
“Teremos um primeiro movimento, de especialização de quem tem nível superior nas áreas que vão atuar com pesquisa, com o desenvolvimento da tecnologia e a regulação”, explica o superintendente de Educação Profissional e Superior do Senai, Felipe Morgado. “O segundo movimento será para instalação e operação das plantas, voltado para profissionais de nível técnico.”
De acordo com Morgado, o Senai não oferecerá um curso técnico de hidrogênio verde, mas uma especialização, para que uma pessoa formada em eletrotécnica, por exemplo, seja especializada na temática.
Ele destaca que a instituição já formou os docentes, desenhou o portfólio e os currículos dos cursos e está finalizando a infraestrutura para formar a mão de obra especializada, em parceria com o governo alemão.
Os cursos na área de hidrogênio verde terão matrículas abertas na plataforma Futuro.Digital e serão os seguintes: Instalador de Sistemas de Eletrólise de Usinas de Produção de Hidrogênio Verde; Mantenedor de Sistemas de Eletrólise de Usinas de Produção de Hidrogênio Verde; Operador de Logística de Transporte de Gases; Especialista Técnico em Operação de Usinas de Produção de Hidrogênio Verde; e Especialista em Sistemas de Hidrogênio Verde (pós-graduação). Para saber mais sobre os cursos acesse o site.
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