O Congresso Brasileiro de Manufatura Aditiva (CBMAdi) chegou à sua 3ª edição em 2025, realizado em Joinville/SC, reforçando o seu papel como o principal evento técnico-científico sobre manufatura aditiva (MA) no Brasil.
Recordo que participei da primeira edição de forma remota e, hoje, ver a evolução do congresso com um maior número de participantes, patrocinadores, artigos publicados, minicursos e visitas técnicas, mostra o quanto esse ecossistema está amadurecendo.
O CBMAdi não apenas conecta profissionais, empresas e instituições de pesquisa, mas também dissemina conhecimento de ponta e abre espaço para o fortalecimento das aplicações industriais da MA no país, com exemplos reais do que está sendo realizado.
Integração entre ciência, indústria e soluções
A abertura do evento trouxe um tom de integração e pertencimento. O prof. Gonzaga, pesquisador-chefe do ISI Laser, destacou a sinergia entre o CBMAdi, o Consolda e a cidade de Joinville, evidenciando o papel estratégico da região como polo tecnológico.
Na sequência, o Fernando Lescovar Neto (ABS) trouxe reflexões sobre qualidade na soldagem, no contexto da NBR ISO 3834, destacando a importância de padronização, formação e confiança nos processos industriais.
Essa base sólida foi fundamental para abrir discussões sobre como a manufatura aditiva vem se consolidando em setores críticos, como petróleo e gás, aeroespacial e defesa.
Palestras nacionais e internacionais: tendências globais e realidade local
Um dos destaques desta edição foi a forte presença de palestras internacionais. Jhonattan Gutjahr, do TWI (Inglaterra), mostrou que a manufatura aditiva já é uma realidade em setores como o aeroespacial e de defesa, trazendo exemplos práticos de aplicação.
Outro ponto importante foi a palestra de Rafael Nunes, do Belgian Welding Institute (BWI), que abordou os desafios da soldagem em ligas de alumínio fabricadas por MA e seus impactos na indústria aeronáutica. Além disso, Gustavo Reis, do Fraunhofer IPK, trouxe a visão alemã sobre monitoramento de processos e garantia de qualidade em aplicações críticas.
Já no cenário nacional, empresas como Wietech 3D, SKA, Hexagon, Layer by Layer, Fast Parts, entre outras, apresentaram em seus estandes e apresentações experiências de aplicação da MA, como estoques digitais, simulação para redução de custos, inovações em pós metálicos e controle inteligente de processos.
Essas contribuições mostraram que o Brasil está conectado às tendências globais, mas com desafios específicos, como custos, capacitação e integração tecnológica.
Apresentação de trabalhos: ciência aplicada à indústria
O congresso também se destacou pelo grande volume e qualidade de artigos apresentados. Temas como manufatura aditiva metálica por DED, aplicação de inteligência artificial em processos de soldagem, novos métodos de caracterização de ligas metálicas e até avanços em impressão 3D de materiais cerâmicos marcaram presença.
Entre os destaques, vale mencionar o uso da MA metálica em projetos da indústria de óleo e gás, já em aplicação prática com grandes empresas do setor, como por exemplo a Equinor e Petrobras. Esse tipo de case reforça que não falamos mais de futuro distante, mas de soluções em operação, atendendo às exigências de setores de alta criticidade.
Minicursos e visitas técnicas: disseminando a cultura da MA
Além das palestras e artigos, os minicursos e visitas técnicas foram essenciais para aprofundar o conhecimento. Esses espaços ampliaram a disseminação da cultura da manufatura aditiva, formando novos profissionais e aproximando academia, empresas e usuários finais.
Essa dimensão prática é um diferencial do CBMAdi, pois permite que os participantes experimentem de perto a realidade dos processos e tecnologias discutidas.
O Mapa da Manufatura Aditiva no Brasil
Durante o evento, tive a oportunidade de apresentar a evolução do Mapa da Manufatura Aditiva no Brasil, projeto que venho desenvolvendo desde 2024.
Em pouco mais de um ano, o mapeamento cresceu de 68 entidades na 1ª edição para 170 entidades na 3ª edição, lançada em abril de 2025. Esse crescimento de mais de 150% reflete o dinamismo do ecossistema nacional.
O Mapa já acumula mais de 700 downloads e vem sendo usado em aulas, pesquisas, estratégias empresariais e prospecção comercial. Além disso, se consolidou como referência confiável para quem busca informações sobre fornecedores, prestadores de serviços, startups e ICTs no Brasil.
O próximo passo é transformar o Mapa em uma plataforma digital (a Aditiva Brasil!), que dará ainda mais visibilidade e integração ao setor, criando páginas próprias para cada ator do ecossistema e fortalecendo a comunidade em torno da manufatura aditiva.
Conexões e reencontros
Mais do que um congresso técnico, o CBMAdi foi uma oportunidade para reencontrar colegas ativos nesse ecossistema e fortalecer parcerias estratégicas. As conversas realizadas mostraram que há um interesse crescente em integrar soluções nacionais às cadeias globais, consolidando a posição do Brasil no cenário internacional da MA.
Além disso, as conversas permitiram novos insights para fortalecer o ecossistema de MA no Brasil!
Conclusão
O III CBMAdi confirmou seu papel de protagonista no avanço da manufatura aditiva no Brasil. Entre palestras de alto nível, artigos técnicos, minicursos, visitas e networking, o evento se fortalece como espaço de referência para disseminar conhecimento, estimular parcerias e acelerar a aplicação prática da tecnologia no país.
Se a 1ª edição foi um marco inicial e a 2ª consolidou o formato, a 3ª edição mostra que estamos em plena trajetória de crescimento e maturidade. Parabéns a todos os organizadores e envolvidos, por realizar um evento desta magnitude!
E que venha o próximo CBMAdi!!
Grande abraço!
Luan Saldanha.
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