Inteligência artificial do Google realmente ganhou “vida própria”?

Um engenheiro do Google foi suspenso pela empresa após alegar publicamente que um programa de inteligência artificial (IA) que ele ajudou a desenvolver se tornou senciente.

“Se eu não soubesse exatamente o que ele era, que é esse programa de computador que construímos recentemente, pensaria que era uma criança de sete anos, oito anos,” disse o engenheiro Blake Lemoine em uma entrevista ao jornal norte-americano Washington Post.

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Fonte:(https://www.revistaferramental.com.br)

Lemoine divulgou transcrições das conversas que teve com a IA, chamada LaMDA, sigla em inglês para Modelo de Linguagem para Aplicativos de Diálogo, nas quais o programa parece expressar medo de ser desligado, falar sobre como se sente feliz e triste e tenta formar laços com humanos conversando sobre situações que nunca poderia ter experimentado.

Mas será que o programa LaMDA é realmente senciente?

A revista britânica New Scientist foi ouvir diversos especialistas no assunto, todos concordando com um “não” como resposta a esta pergunta.

Mas a discussão se passa sobre um pano de fundo problemático, uma vez que a ciência não sabe exatamente – ou, pelo menos, não tem uma definição amplamente aceita – do que é ser senciente. Logo, não existem medidas objetivas para aferir a emergência de uma consciência.

LaMDA é um modelo impressionante, é um dos mais recentes em uma linha de grandes modelos de linguagem que são treinados com um bocado de poder de computação e grandes quantidades de dados de texto, mas não são realmente sencientes,” disse Adrian Weller, do Instituto Alan Turing.

“Eles fazem uma forma sofisticada de correspondência de padrões para encontrar o texto que melhor corresponde à consulta que eles receberam, com base em todos os dados que foram alimentados”.

Adrian Hilton, da Universidade de Surrey, no Reino Unido, que ajudou a construir a primeira inteligência artificial reconhecida como inventora, concorda que, no caso atual, a sensciência é uma “afirmação ousada” que não é apoiada pelos fatos.

Até mesmo Steven Pinker, cientista cognitivo e autor de livros de divulgação científica, não concordou com as alegações de Lemoine, enquanto Gary Marcus, da Universidade de Nova York, resumiu a alegação de forma mais contundente: “Absurdo”.

Como o programa parece ser senciente

Então, o que convenceu Lemoine de que o LaMDA era senciente?

Certamente é verdade que as saídas e respostas dos modelos de IA nos últimos anos se tornaram boas em níveis que vão do surpreendente ao chocante.

E, além de entabular um bate-papo convincente, o LaMDA de fato pode se apresentar como tendo autoconsciência e sentimentos.

O próprio vídeo de divulgação do Google sobre a tecnologia começa com a expressão “Eu sinto..”.

E, por outro lado, nossas mentes são suscetíveis a perceber tal capacidade – especialmente quando se trata de modelos projetados para imitar a linguagem humana – como evidência de inteligência verdadeira.

“Como humanos, somos muito bons em antropomorfizar coisas,” disse Hilton.

“Colocar nossos valores humanos nas coisas e tratá-las como se fossem sencientes. Fazemos isso com desenhos animados, por exemplo, ou com robôs ou com animais. Projetamos nossas próprias emoções e sensibilidade neles. Eu imagino que é isso que está acontecendo neste caso.”

Inteligência artificial senciente

Outra pergunta que não pode deixar de ser feita é: A inteligência artificial realmente poderá se tornar senciente algum dia?

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Ainda não sabemos qual o nível de racionalidade de uma IA, mas os cientistas não acreditam na possibilidade de já existirem IA’s sensientes.

Ainda não está claro se a trajetória atual da pesquisa de IA, onde modelos cada vez maiores são alimentados com pilhas cada vez maiores de dados de treinamento, verá a gênese de uma mente artificial.

“Não acredito no momento que realmente entendamos os mecanismos por trás do que torna algo sensível e inteligente,” ressalvou Hilton.

“Há muita publicidade sobre a IA, mas não estou convencido de que o que estamos fazendo com aprendizado de máquina, no momento, seja realmente inteligência nesse sentido.”

Weller defende que, dado que as emoções humanas dependem de entradas sensoriais, pode eventualmente ser possível replicá-las artificialmente:

“Potencialmente, talvez um dia, pode ser verdade, mas a maioria das pessoas concordaria que há um longo caminho a percorrer”. Ainda não sabemos quando ou se algum dia existiram IA’s sencientes, mas o caso, certamente, levantou uma possibilidade que nos fez pensar, se você curioso e deseja saber mais sobre o caso acesse o site.

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Marcus Figueiredo

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