Morte à Impressão 3D? Viva à Manufatura Aditiva?

Para quem acompanha de perto as notícias e sites de Manufatura Aditiva, deve ter se deparado com o artigo bem provocativo do Joris Peels intitulado “RIP 3D Printing”, publicado no dia 18 de outubro no 3DPrint.com.

Artigo publicado no site 3DPrint.com.
Artigo publicado no site 3DPrint.com.

Este artigo criou um grande debate e, posteriormente, promoveu a criação de mais 3 artigos (pelo menos até o momento) do mesmo autor: “RIP 3D Printing: The Cart Before the Horse”, “RIP 3D Printing, Part 3: Rapid Applications” e “RIP 3D Printing 4 : Death to the 3D Printing Evangelists, May they All Become Saints”.

Nos seus artigos, Joris Peels apresenta uma visão pessimista sobre o real uso e implementação da impressão 3D (manufatura aditiva) nas indústrias mundiais. Para justificar esta visão, ele apresenta questões recentes relacionadas com as empresas de MA: empresas de capital aberto à beira da insolvência, startups promissores que não dão resultados, estagnação dos investimentos etc.

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Receita da 3D Systems de 2010 a 2023 e crescimento trimestral anual. Fonte: 3DPrint.com.

Além disso, ele apresenta uma comparação das receitas mundiais do mercado de MA, que equivale as vendas de AirPods somente em 2021 (não acho uma comparação plausível, visto que são públicos, ticket médio e maturidade de tecnologia totalmente diferentes).

Na visão de Joris Peels, “a experiência do usuário deve ser tão perfeita que, com apenas alguns cliques de botão e um pagamento, qualquer pessoa possa solicitar uma peça impressa em 3D”. Na minha visão, talvez isso é o que algumas empresas já vêm fazendo (Hubs.com, por exemplo), entretanto é necessário ter cautela, pois não é simplesmente “clicar e comprar”. Há conceitos de engenharia e técnica de design por trás de peças complexas e com alta criticidade, como o autor mesmo acredita que seja o foco principal da MA!

Outro ponto que ele aborda é a questão da capacitação: modelagem em CAD 3D e, posteriormente, DfAM (Design for Additive Manufacturing). É fundamental, para que a MA avance, que tenhamos pessoas capacitadas e que possam trabalhar o design da peça, pensando principalmente no valor que pode ser agregado.

Olhando o copo meio cheio

Após toda repercussão e discussão sobre estes artigos do Joris Peels, foi publicado também no 3DPrint.com, um artigo escrito por John Barnes e Timothy W. Simpson, com uma visão mais positiva (do copo meio cheio) sobre a Manufatura Aditiva. Eles usam como título do artigo “RIP 3D Printing. Long Live AM!”, para chamar atenção que para a indústria a manufatura aditiva (e não impressão 3D) está impactando de forma positiva nos seus processos.

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Imagem do artigo “RIP 3D Printing. Long Live AM!”. Fonte: 3DPrint.com.
O primeiro ponto que eles buscam trazer é que “a impressão 3D foi uma solução de design. A MA é uma solução de manufatura”. Para explicar isto, eles trazem a mudança que houve na norma ISO/ASTM 52900:2021, onde definiu-se MA como “o processo de unir materiais para fazer peças [e não mais objetos, como definia a norma antigamente] a partir de dados de modelo 3D”.

Durante o artigo eles trabalham com uma abordagem de que a impressão 3D foi amadurecendo com o tempo (e as pessoas também!), entendendo melhor suas aplicações, ganhos e como se posicionar em um ambiente industrial que possui processos estabelecidos, com produção padronizada, pensando nos fluxos constantes de peças padronizadas que garantem retornos elevados com pouco risco. É um modelo de negócio estabelecido e que para ser alterado precisa de resiliência, amadurecimento e coragem. E é o que podemos enxergar nos últimos anos o que vem acontecendo com MA (principalmente para peças metálicas – olhando o copo meio cheio!).

O investimento em manufatura é uma proposta de longo prazo, principalmente pois são necessários grandes investimentos, os quais tem período de retorno no médio e longo prazo. A impressão 3D está se tornando “adulta”, ao produzir peças reais, funcionais, com qualidade e garantia. Processos estabelecidos e qualificação dos materiais, processos, peças e dados são fundamentais para isto.

Enfim, as provocações apresentadas pelo Joris Peels são importantes para que o ecossistema da MA em todo o mundo se mantenha vivo no desafio e estratégia de tornar este processo produtivo um diferencial para as empresas no mundo.

Vale a pena a leitura dos artigos e reflexão!

Grande abraço!

Luan Saldanha.

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Marcus Figueiredo

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