A Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo desenvolveu, em parceria com a alemã Basf, óculos de realidade virtual para reforçar o treinamento de trabalhadores do agronegócio.
Na prática, os óculos proporcionam aos usuários a imersão nas atividades rurais por meio do mesmo princípio dos jogos eletrônicos, ou seja, os “games”. O conceito consiste no uso da mecânica da gamificação dentro de ambiente do agro, de modo a aperfeiçoar os conhecimentos e a eficiência dos trabalhadores do campo.
Diga-se que esta tecnologia não é inédita, já que é empregada faz algum tempo como ferramenta de treinamento nas mais diversas áreas empresariais. A diferença dos novos óculos desenvolvidos pela Secretaria e pela Basf está na maior quantidade de “jogos” e na possibilidade de imersões mais amplas e aprofundadas.
“Com esses óculos 3D, vários jogos ou atividades podem ser desenvolvidos com as mais diferentes finalidades”, explica Hamilton Humberto Ramos, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), órgão de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que já está usando a tecnologia para o treinamento de seus funcionários.
Ramos exemplifica o modo que a simulação pode funcionar na área de segurança no trabalho. Neste caso, o usuário é desafiado a abrir um armário e realizar a sequência correta para colocar e retirar a vestimenta de proteção.
“Conforme ele seleciona, o avatar veste a peça selecionada. Ao final do jogo, o usuário recebe a quantidade de acertos e entende onde eventualmente errou”, esclarece o pesquisador.
O equipamento fez bastante sucesso com o público que testou os óculos em eventos recentes como a Agrishow e o IAC Portas Abertas. A tecnologia também foi apresentada à diretoria global da Basf na Alemanha em junho passado.
Para Ramos, o uso dos games é uma ferramenta ainda não convencional na educação, mas trata-se de uma tecnologia que já se mostrou extremamente útil em certos casos, pois auxilia na fixação do aprendizado de uma maneira rápida e divertida. Além disso, segundo ele, o desenvolvimento deste tipo de mídia já permite que ela se torne cada vez mais acessível e multiuso.
“Com a ferramenta encurtamos o tempo de aprendizagem por meio de atividades práticas, além de criar oportunidades para que uma equipe desenvolva métodos diferentes de abordagem com base em conhecimento técnico”, diz ele. “E ainda se consegue levar o time para um ambiente controlado, onde é possível errar nos procedimentos sem prejudicar ninguém.”
Novas possibilidades com óculos de RV e games
Para muitos especialistas em games, os equipamentos tecnológicos existentes no mercado já trazem uma mecânica com uma exata precisão que podem contribuir significativamente para o avanço também nas práticas rurais, ainda mais quando envolvem profissionais que já estão conectados nestes dois segmentos.
Para eles, inclusive, os games têm o potencial de abrir um canal de comunicação com as novas ou não tão novas gerações, e na agricultura não seria diferente. De fato, existem no mercado diversos simuladores para treinamento em agricultura amplamente utilizados, além de jogos bem sucedidos que apresentam para o público em geral, com grande nível de realismo, a realidade da administração de uma fazenda e como se deve trabalhar, por exemplo, na fase de plantio.
Na utilização da gamificação para aprendizagem e treinamento de mão de obra, a americana John Deere é uma das empresas que possuem aplicativos para o agro, como o TimberSkills, voltado para o setor florestal. Trata-se de um simulador no qual o operador escolhe em qual equipamento vai trabalhar e ao usá-lo tem a perfeita sensação de estar em uma operação real. A ferramenta é ideal para treinar noções de distância, tempo e movimentos básicos para controle do equipamento.
Dentro do TimberSkills, há exercícios e lições que a pessoa em treinamento tem de completar. O sistema passa por todas as etapas da operação, dá dicas e orientações, e depois resta ao operador executar. Essas fases funcionam como em um jogo, e o usuário acumula pontos conforme os exercícios são feitos de forma correta. Ao final da simulação guiada, é gerado um relatório.
O pacote é composto por 200 exercícios básicos, mas também é possível definir outras atividades além das que foram programadas e testar, por exemplo, habilidades de segurança ou alcance de produtividade. O operador sai da simulação não só com a noção prática da operação do equipamento, mas com os movimentos aperfeiçoados.
O simulador não serve apenas para treinamento de iniciantes, já que pode ser utilizado para a reciclagem de operadores especializados. Trata-se, assim, de uma forma de reforçar habilidades, remover vícios e atualizar novas funções e tecnologias.
A área florestal da John Deere tem ainda outros tipos de simulador, e já oferece ao mercado várias aplicações utilizando a realidade virtual. A empresa possui uma linha de produtos que trabalham com óculos 3D, usando a realidade aumentada em situações de diagnósticos, aprendizagem e manutenções, por exemplo. Para saber mais sobre o simulador acesse o site.
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