Como o setor de saúde está usando a Manufatura Aditiva?

No início de janeiro assisti uma palestra do Gil Giardelli (na semana de capacitação da EMBRAPII – Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) sobre “O Futuro Inteligente”, onde foram apresentados cenários e tendências de futuro sobre as mais diversas tecnologias: inteligência artificial generativa, segurança cibernética, ominiverso, manufatura aditiva, entre outros.

No contexto da Manufatura Aditiva (Impressão 3D) foi apresentada a “maior impressora 3D do Mundo”, na construção de um foguete para acelerar a corrida espacial. O setor aeroespacial é um dos que se destaca quanto ao uso da Manufatura Aditiva, com diversas aplicações e potencial de mudança dos processos atuais, desde projeto até a fabricação.

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Foguete fabricado por manufatura aditiva. Fonte: Relativity Space.

Entretanto, um outro setor que está cada vez mais ganhando destaque ao usar a manufatura aditiva é a área da saúde.

No artigo “Expectativas para Manufatura Aditiva em 2024” citei como algumas das aplicações no setor da saúde a questão dos medicamentos, tecidos vivos (órgãos) e implantes dentários. Porém, há muito mais, com um potencial transformador para nossa saúde!

Setor da Saúde e a Manufatura Aditiva

A área da saúde é um dos setores mais promissores para o uso da manufatura aditiva. Uma verdadeira revolução na produção de equipamentos médicos, criação de medicamentos, personalização de serviços médicos (próteses e implantes, por exemplo) e o desenvolvimento de órgãos faz parte de pesquisas e desenvolvimentos de instituições de pesquisa e empresas do setor.

Apenas no ano passado, diversas ações e resultados foram obtidos com a bioimpressão, os quais se destacam: bioimpressão de coração humano funcional (Stanford – US$ 26 milhões investido); bioimpressão de redes de vasos sanguíneos para melhoria de testes em medicamentos in vitro e tratamentos clínicos mais eficazes (Penn State – US$ 3 milhões investidos); desenvolvimento de dispositivos e materiais médicos mais compatíveis com células humanas (RCSI – € 2,9 milhões investidos); desenvolvimento de tecnologia para bioimpressão rápida de ossos, traqueias e órgãos (Penn State – US$ 2 milhões investidos); entre outras.

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Estudo de Stanford para coração humano funcional.

Órgãos

Os órgãos humanos funcionais, produzidos por manufatura aditiva, são o foco de pesquisa de diversas universidades, pois tem potencial de permitir o transplante de órgãos sem a necessidade de lista de espera de doadores. Esta tecnologia envolve as próprias células do paciente para criar órgão, sendo compatível com seu corpo, reduzindo o risco de rejeição do órgão.

Além dos órgãos funcionais, modelos para planejamento cirúrgico é outra aplicação da MA na saúde. Hoje já existem hospitais utilizando modelos produzidos por MA para operações complexas. Em algumas pesquisas, cientistas estão combinando imagens de ultrassom e ressonância magnética para ajudar na preparação de cirurgia em fetos. Com isto, os médicos identificam possíveis obstáculos e reduzem o risco da cirurgia em bebês.

Medicamentos

As indústrias farmacêuticas estão cada vez mais envolvidas com a manufatura aditiva, principalmente após aprovações da FDA (Food and Drug Administration) para medicamentos fabricados por manufatura aditiva, alterando a forma de produzir e distribuir medicamentos. Em agosto de 2015, o FDA aprovou um medicamento impresso em 3D chamado Spritam para uso em pacientes com epilepsia. O medicamento foi desenvolvido especificamente para ajudar pacientes com dificuldade de engolir, visto que o medicamento, devido à sua construção camada por camada, dissolve-se mais rapidamente do que outras drogas.

Em 2023, foi lançado o primeiro ensaio clínico com um medicamento produzido por manufatura aditiva na Europa, na área pediátrica.

A impressora 3D utilizada no estudo produz medicamentos em formas semissólidas e mastigáveis, que são personalizados (dosagens) para cada criança com base no seu peso e características clínicas.

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Medicamento produzido por manufatura aditiva (impressão 3D).

A empresa de biotecnologia FabRX acredita que medicamentos personalizados impressos em 3D poderão começar a ser prescritos dentro de 5 a 10 anos.

Replicando nariz

Pesquisadores do Canadá imprimiram um nariz sintético para pacientes com câncer de pele, a partir de células da cartilagem nasal humana, doadas por pessoas que fizeram plástica no nariz, com hidrogel à base de colágeno.

Na França, pesquisadores desenvolveram um nariz impresso para uma mulher no seu antebraço, depois que ela perdeu o nariz devido ao câncer.

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Nariz impresso para transplante.

Vasos sanguíneos

Pesquisadores de Harvard criaram, através de uma impressora 3D, uma amostra de tecido com células da pele unidas a material estrutural que podem funcionar como vasos sanguíneos futuramente. Essa rede vascular permite que fluidos e nutrientes possam ser distribuídos de forma uniforme pelo tecido.

Na Coreia, pesquisadores criaram vasos sanguíneos, também usando uma impressora 3D, e implantaram com sucesso em um rato. Com isso, eles esperam avançar no desenvolvimento de vasos sanguíneos artificiais funcionais, para cura de doenças cardiovasculares, por exemplo.

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Construção de vasos sanguíneos por manufatura aditiva.

Ossos

Na universidade de Washington, pesquisadores alteraram a estrutura de uma impressora 3D para conseguir produzir estruturas cerâmicas complexas, as quais permitem promover o crescimento do osso em qualquer formato.

Isto ajudará a substituições de quadril e joelho, por exemplo, a durar mais, devido ao revestimento que não agride o corpo com os materiais do implante. Adicionalmente, espera-se que os implantes durem mais (duplicando sua vida útil).

Outras pesquisas começam a usar coral marinho ou grafeno e cerâmica para criar estruturas semelhantes a ossos, através da manufatura aditiva.

Válvula do coração

Na universidade de Cornell, pesquisadores imprimiram, a alguns anos atrás, uma válvula cardíaca que possui a anatomia semelhante a uma válvula original. Eles acreditam que a bioengenharia irá tornar-se, nos próximos cinco anos, o padrão na fabricação de tecidos complexos.

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Válvula cardíaca artificial produzida por impressão 3D. Fonte: Universidade de Cornell.

Quais outros avanços na área da saúde, utilizando a manufatura aditiva, você conhece?

Grande abraço,

Luan Saldanha.

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Marcus Figueiredo

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