A Avibras pode ser vendida para a empresa de origem australiana DefendTex. De acordo com comunicado de imprensa pela companhia australiana no dia 1º de abril, Avibras e DefendTex estão em discussões avançadas “para viabilizar um potencial investimento voltado à recuperação econômico-financeira da Avibras, com o objetivo de manter suas instalações fabris no Brasil, retomando as operações o mais breve possível, e garantindo o cumprimento de obrigações contratuais com o governo brasileiro e outros clientes.”
A Avibras, criada há mais de 60 anos, é uma das primeiras “empresas nacionais a atender o setor aeroespacial e ficou conhecida por seus lançadores múltiplos de foguetes Astros II, utilizados por diversos países. Desenvolveu o míssil MCT, uma obra-prima da engenharia nacional, desenvolvida com recursos nacionais e que, agora, será utilizada para equipar seu próprio submarino”, de acordo com matéria publicada por Luís Nassif, no Jornal GGN.
Para o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, que representa os trabalhadores da Avibras, a venda “é um ataque à soberania nacional”.
O Sindicato divulgou a nota à imprensa, reproduzida a seguir:
“Caso a transação se consuma, o novo grupo assumirá a Avibras diante de uma mobilização histórica em curso, com luta por empregos e direitos e greve contra o atraso nos salários. Independentemente da mudança na direção da empresa, o Sindicato seguirá mobilizando os metalúrgicos pela completa regularização da situação, bem como pela estatização da Avibras sob controle dos trabalhadores.
Fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras é uma das pioneiras no Brasil em construção de aeronaves, programas de pesquisa espacial e desenvolvimento e fabricação de veículos especiais para fins civis e militares. Localizada em Jacareí, no Vale do Paraíba, faz parte do principal centro de tecnologia aeroespacial do país.
A empresa participa do Programa Espacial Brasileiro, com fabricação de motores para foguetes. Além disso, com a injeção de dinheiro público, desenvolveu capacidade de produção de armamentos e equipamentos bélicos, como mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados. Por seu histórico, é considerada estratégica às aspirações de uma nação que quer ser soberana.
INÉRCIA DO GOVERNO
Devido à crise enfrentada pelos trabalhadores da Avibras, que estão há 11 meses sem salário, o Sindicato vem defendendo, ao longo desses anos, a estatização da empresa como única saída para manter em solo brasileiro os empregos e o conhecimento acumulado. Porém o que se viu foi a inércia do Governo Federal. Mas ainda há tempo para mudar essa situação. É urgente que o governo estatize a Avibras.
Enquanto diversos países investem pesadamente no setor de Defesa, o Brasil e a sua classe dirigente assistem e compactuam com a entrega de sua mais importante empresa do segmento a um grupo internacional.
TRABALHADORES DA AVIBRAS TEM SALÁRIOS ATRASADOS
Compartilhamos da angústia dos trabalhadores e reafirmamos que o Governo Federal poderia ter antecipado pagamentos de contratos com a Avibras para que os salários fossem regularizados, mas nada foi feito.
Entendemos que, para os funcionários, a notícia da venda da empresa pode representar a esperança de receber os salários. Porém, não há garantia de que os empregos serão preservados e não existe qualquer informação de que os salários serão pagos.
Desde 2022, a entidade sindical envia cartas pedindo intervenção do Governo Federal, que nada fez para resolver a situação. De Jair Bolsonaro (PL) a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não houve sequer um plano emergencial de auxílio aos trabalhadores.
O Sindicato reuniu-se, em mais de uma oportunidade, com o ministro da Defesa José Múcio Monteiro e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Apesar de promessas de avaliação do caso, nenhuma medida efetiva foi adotada em favor dos operários da Avibras. Pelo contrário: o Governo Federal chegou a comprar equipamentos de Defesa de conglomerados estrangeiros, desprezando a produção e a geração de empregos nacionais.
PERDAS PARA O BRASIL
Vender a Avibras significa transferir 63 anos de produção de alta tecnologia para outro país. Os maiores beneficiados serão a empresa australiana e o atual presidente da Avibras, João Brasil, que detém 98% do controle acionário.
O incentivo ao capital estrangeiro e às privatizações também prejudicam a classe trabalhadora. Empresas de caráter essencial para o país foram desnacionalizadas e privatizadas, como a Vale do Rio Doce, a Eletrobras e a Embraer.
O Sindicato dos Metalúrgicos reafirma a luta pela estatização da Avibras e, enquanto isso não ocorrer, pelo pagamento de todos os salários em atraso e a garantia dos empregos dos trabalhadores. A luta na Avibras continua. Para saber mais sobre a venda da companhia acesse o site.
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