Avanço rápido do uso de robôs nas indústrias do mundo

Uma pesquisa da Federação Internacional de Robótica (IFR, na sigla em inglês) relativa a 2020 revelou que, em todo o mundo, já existiam mais de 3 milhões de robôs operando nas fábricas, o que representava nada menos do que o dobro do número existente em 2015.

Ainda segundo a pesquisa, pelo menos US$ 13,2 bilhões foram gastos, principalmente no final deste período, em novas instalações com tal tecnologia. E algo em torno de 76% desses investimentos foi realizado em apenas cinco países: China, Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul e Alemanha.

Os robôs, diz a IFR, já estão presentes em fábricas de todos os tipos e tamanhos, mas as indústrias automotiva, elétrica, eletrônica e metalúrgica são as que mais investem no uso deles em seus parques industriais.

Essas máquinas, capazes de apresentar vários atributos humanos, já começam, inclusive, a ficar cada vez mais visíveis nas linhas de produção. Para ter uma ideia, em 2020 a média global era de 126 robôs para cada 10 mil trabalhadores atuando em parques fabris.

Mas trata-se somente de uma média, pois em alguns países e regiões a proporção de robôs é muitíssimo maior. A Coreia do Sul é líder absoluta neste quesito: lá, em 2020, já existiam 932 robôs para cada 10 mil funcionários.

Uma densidade que chega a ser espantosa na comparação com a média global, já que a excede em nada menos do que 7 vezes. Na verdade, a Coreia do Sul ocupa a primeira posição desde 2010, sendo que o aumento de unidades aumenta, em média, 10% ao ano desde 2015.

robos
Fonte:(https://ipesi.com.br)

A explicação é a pujança da indústria sul-coreana na área automotiva e eletrônica, os dois segmentos fabris que são atualmente os que mais demandam o uso de robôs industriais.

O restante da Ásia Oriental tem procurado ir atrás dos sul-coreanos. A pesquisa da IFR mostra ainda que os países da região, em conjunto, lideram com folga o mercado mundial de robôs industriais.

De fato, em 2020, nada menos do que 266.452 novas unidades foram instaladas, o que representou um crescimento de 7% em relação a 2019, quando existiam 249.598 unidades de robôs instalados nas indústrias de lá.

Mas mesmo no Brasil, onde a robótica é ainda incipiente nos parques industriais, o crescimento dos robôs tem sido expressivo. O país possuía em 2020 apenas 9 robôs para cada 10 mil trabalhadores, porém, teve um crescimento de 3% do uso dessa tecnologia desde 2015 .

Por essa razão, o Brasil é considerado pela IFR um dos mercados mais emergentes na América Latina no que diz respeito à robótica fabril.

A POLÊMICA DO DESEMPREGO

Naturalmente, o avanço que parece irrefreável dos robôs nas indústrias tem sido objeto de polêmicas para lá de acesas.

Se para muitos defensores o emprego dos robôs aumenta a capacidade e a qualidade da produção, e livra os trabalhadores humanos de uma série de tarefas ingratas ou mesmo insalubres, para os críticos, há o outro lado da moeda, e que não é nada bonito: o desemprego crescente na indústria.

O World Economic Forum, por exemplo, estimou uma perda de nada menos do que 5 milhões de postos de trabalho em 15 países em 2020, devido ao aumento da presença da robotização.

Este número, no entanto, inclui outras atividades nas quais os robôs também já estão presentes, além da indústria, como o trabalho de escritório, desarmamento de bombas e minas terrestres, inspeção de cabos telefônicos submarinos, consertos em usinas nucleares, vigilância aérea de florestas, e assim por diante. Em 2016, já trabalhavam em um restaurante de Kunshan, na China, um total de 10 robôs. Mas o grosso está mesmo na área fabril.

Os defensores da robotização retrucam apontando para a também bastante plausível criação de centenas de milhares de postos de trabalho que poderão acompanhar a revolução digital (da qual a robotização é indissolúvel).

De acordo com projeção do Parlamento Europeu, deverão ser criados pelo menos 850 mil postos de trabalho apenas na União Europeia nos próximos anos, para atender essa nova demanda.

Mesmo assim, não há dúvida de que o impacto do avanço dos robôs será enorme. E atores importantes do planeta estão voltando-se para o problema. Alguns, sem esconder uma profunda preocupação, e fazendo questão de sugerir medidas para atenuá-lo. Algumas bem desagradáveis para o segmento.

TRIBUTAÇÃO DE ROBÔS

A mais importante delas, e que vem circulando faz alguns anos na Europa e nos Estados Unidos, e mesmo no Brasil, é a tributação de robôs.

A base da proposta é evitar que a utilização descontrolada de robôs e de outras formas de automação gere não apenas enorme perda de postos de trabalho, mas que também leve a uma diminuição da arrecadação de impostos, com impactos negativos sobre todo o conjunto da economia.

Dentro desta proposta, já foram apresentados diferentes formatos de tributação. Uma delas seria a criação de um imposto diretamente sobre o uso de robôs, que poderia ser cobrado dos empregadores que substituem trabalhadores por máquinas.

Outra ideia é a de tributar as empresas que fabricam ou importam robôs, com o objetivo tanto de reduzir a substituição de mão de obra humana, como compensar a perda de arrecadação de impostos decorrente da automação.

Um dos defensores pioneiros da taxação dos robôs é o político socialista francês Benoît Hamon, ex-ministro da Educação e da Economia Social e Solidária da França, e importante figura pública em seu país.

Mas a proposta está longe de ser defendida apenas por socialistas e sindicalistas. Um de seus maiores apoiadores, por mais difícil que seja de acreditar, é o bilionário Bill Gates, o fundador da Microsoft. Gates não se cansa de repetir que está preocupado com a acumulação de riqueza que a revolução robótica e a inteligência artificial trarão.

O bilionário da informática parte da premissa de que a automação generalizada tornará a sociedade mais rica, sim, porque permitirá multiplicar a produtividade. Mas não acredita que a renda será distribuída de maneira equitativa, pelo contrário: haverá ainda maior acumulação do que hoje, e os governos serão obrigados a recorrer à tributação para redistribuir, mesmo que só em parte, os frutos do progresso tecnológico.

“É preciso evitar que os proprietários das máquinas fiquem cada vez mais ricos e os trabalhadores cada vez mais pobres”, resumiu Bill Gates. “Pois, se o trabalhador humano recebe US$ 50 mil em uma fábrica e paga um imposto pelo rendimento do seu trabalho, paga à Seguridade Social e todas essas coisas, e se um robô vem e passa a executar o trabalho dele, é óbvio que caberia pensar que o robô também deveria ser taxado.”

Para o fundador da Microsoft, enfim, se o empresariado paga impostos por ter empregados humanos, deveria fazê-lo também por ter máquinas.

A tese de Gates é defendida, com algumas ressalvas, pelo diário britânico conservador Financial Times.

Por um lado, o jornal argumenta que não há mais fundamento para taxar um robô do que uma planilha do Excel, uma torradeira ou qualquer outro dispositivo que facilite a vida dos seres humanos. Mas, por outro, considera fundamentada a preocupação de Gates em relação à velocidade com que a automação pode destruir empregos e de como será distribuído o maná de uma produtividade alimentada por robôs incansáveis.

No entanto, a tributação de robôs enfrenta muitos desafios e limitações práticas. Uma delas é a dificuldade de definir o que é exatamente um robô – há hoje imensa variedade deles – e como deveria ser tributado por categoria.

Além disso, há a natural preocupação de que o tributo possa desestimular a inovação e o avanço tecnológico, e gerar custos adicionais para as empresas que utilizam robôs, tornando o seu emprego até antieconômico.

Muitos defendem que seria fundamental se iniciar uma discussão mais ampla e aprofundada sobre a tributação de robôs, considerando todos os impactos econômicos e sociais que ela pode ter, e não apenas o desemprego.

Para estes, a solução deveria envolver não só uma eventual tributação, mas também outras medidas, como a qualificação e a capacitação de trabalhadores para atuarem em áreas tecnológicas, e o investimento em programas sociais para apoiar as pessoas que ficarem desempregadas em decorrência da automação. Para saber mais sobre o tema acesse  o site.

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Marcus Figueiredo

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